Há dias tive oportunidade de folhear uma revista
Caras. Fiquei surpreendido por não conhecer mais de metade das pessoas que apareciam nas páginas da revista. Não era suposto a
Caras ser uma publicação sobre famosos? Das duas uma: ou não são tão famosos como isso ou sou eu que ando afastado da realidade. O que até seria uma hipótese bem plausível, não tivesse eu perguntado a alguns amigos se conheciam as personagens em questão. Pois. Na verdade o problema não é meu. Embora eu ande frequentemente alheado da realidade. Mas enfim, a conclusão a que cheguei após uma curta mas ampla sondagem é que nas páginas da
Caras abundam mesmo ilustres desconhecidos rotulados como celebridades.
Fiquei ainda mais surpreendido por pouca gente ter ficado especialmente surpreendida com a minha surpreendente conclusão. E abro aqui um parênteses para explicar que a utilização intensiva de derivados do verbo
surpreender é mesmo intencional, para tentar parecer um tipo intelectual e dar um ar mais cultural à coisa. Voltando ao assunto
Caras, parece que fui dos últimos portugueses a perceber que não é preciso ser especialmente famoso para aparecer na revista. Que querem, isto de um gajo ler Nietzsche também tem os seus inconvenientes. Pensarão agora os meus leitores que esta última frase só serviu para me armar (mais um pouquinho) em intelectual. Mas não, era só uma finta. Até porque ainda não consegui chegar a meio do
Assim Falava Zaratustra.
Escrevo tanto sobre coisas laterais ao tema principal que às vezes perco o fio à meada. Talvez sejam dificuldades de concentração. Agora tive que parar por uns momentos para tentar lembrar-me do rumo que queria dar ao texto. Mas acho que já encontrei. Ia dizer que isto da
Caras é um alvo fácil para aspirantes a críticos pseudo-intelectuais com manias de superioridade. Como eu. Quer dizer, não é bem como eu. Porque se eu fosse como um desses sujeitos iria de seguida explicar que, se a
Caras existe é porque há quem a compre, aproveitarando logo de seguida para apontar as elevadas tiragens da publicação como causa do subdesenvolvimento do país (atraso é demasiado
old-fashioned). Mas não, não vou por aí. Até porque sei que em Espanha, país modelo para os mesmos críticos de há pouco, o negócio do
JetSet (é assim que se escreve?) tem muito mais importância que neste pobre rectângulo de terra à beira-mar plantado. E talvez seja por isso, por sermos pobres e pequeninos, que temos um
JetSet assim tipo praticamente desconhecido. E só há uma solução para este problema. Compremos a
Caras para celebrizar as nossas pouco famosas celebridades.
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