quinta-feira, agosto 31, 2006

Comentário misógino do dia

Gajas: ou são pitas ou são putas.

(@ Editors - Munich)

Quem vê Caras não vê famosos...

Há dias tive oportunidade de folhear uma revista Caras. Fiquei surpreendido por não conhecer mais de metade das pessoas que apareciam nas páginas da revista. Não era suposto a Caras ser uma publicação sobre famosos? Das duas uma: ou não são tão famosos como isso ou sou eu que ando afastado da realidade. O que até seria uma hipótese bem plausível, não tivesse eu perguntado a alguns amigos se conheciam as personagens em questão. Pois. Na verdade o problema não é meu. Embora eu ande frequentemente alheado da realidade. Mas enfim, a conclusão a que cheguei após uma curta mas ampla sondagem é que nas páginas da Caras abundam mesmo ilustres desconhecidos rotulados como celebridades.

Fiquei ainda mais surpreendido por pouca gente ter ficado especialmente surpreendida com a minha surpreendente conclusão. E abro aqui um parênteses para explicar que a utilização intensiva de derivados do verbo surpreender é mesmo intencional, para tentar parecer um tipo intelectual e dar um ar mais cultural à coisa. Voltando ao assunto Caras, parece que fui dos últimos portugueses a perceber que não é preciso ser especialmente famoso para aparecer na revista. Que querem, isto de um gajo ler Nietzsche também tem os seus inconvenientes. Pensarão agora os meus leitores que esta última frase só serviu para me armar (mais um pouquinho) em intelectual. Mas não, era só uma finta. Até porque ainda não consegui chegar a meio do Assim Falava Zaratustra.

Escrevo tanto sobre coisas laterais ao tema principal que às vezes perco o fio à meada. Talvez sejam dificuldades de concentração. Agora tive que parar por uns momentos para tentar lembrar-me do rumo que queria dar ao texto. Mas acho que já encontrei. Ia dizer que isto da Caras é um alvo fácil para aspirantes a críticos pseudo-intelectuais com manias de superioridade. Como eu. Quer dizer, não é bem como eu. Porque se eu fosse como um desses sujeitos iria de seguida explicar que, se a Caras existe é porque há quem a compre, aproveitarando logo de seguida para apontar as elevadas tiragens da publicação como causa do subdesenvolvimento do país (atraso é demasiado old-fashioned). Mas não, não vou por aí. Até porque sei que em Espanha, país modelo para os mesmos críticos de há pouco, o negócio do JetSet (é assim que se escreve?) tem muito mais importância que neste pobre rectângulo de terra à beira-mar plantado. E talvez seja por isso, por sermos pobres e pequeninos, que temos um JetSet assim tipo praticamente desconhecido. E só há uma solução para este problema. Compremos a Caras para celebrizar as nossas pouco famosas celebridades. Support your local JetSet!

(@ Martin Solveig - Jealousy (Paul Kenny Remix))

A ouvir... (VII)

Bloc Party

Figlio della Montagna

Os passeios. A satisfação de chegar onde poucos conseguem para tirar aquela fotografia. Os desafios de Trivial Pursuit e as sessões de Herman Enciclopédia (o melhor programa de humor feito em Portugal). As conversas de saco-cama. O poker. O vodka. O ar puro. O tempo fresco. O silêncio. O sentimento de absoluta fusão com a natureza. De pertença a um lugar. Àquele lugar.
Foram assim os meus últimos dias.
E agora, subitamente de baterias bem carregadas. Pronto para iniciar a nova temporada universitária. Venham eles!

(@ La Caution - Thé à la menthe (Ocean's Twelve Soundtrack))

Et voilá...

Estou de volta!

(@ Boite Zuleika - Cão Muito Mau)

quarta-feira, agosto 23, 2006

Aviso à (improvável) navegação

Vou para longe da tecnologia durante uns dias. Deixo por isso pendente este enfadonho e deprimente monólogo que é o meu blogue. Pode ser que volte. Mas mesmo que não volte, não há crise. Duvido que alguém sequer repare na minha ausência.

(@ DDT - Mi sento strano)

Grandes leis da existência ou Two tickets torn in half

Primeiro a surpresa.
Depois a desilusão.

(@ Elliot Smith - Miss Misery)

A ouvir... (VI)


Kasabian

terça-feira, agosto 22, 2006

Hoje fui ao cinema

Começo já por embirrar com um dos hábitos mais estúpidos do Universo: as pipocas no cinema. Qual será a piada de comer milho no escuro? É para tentar saber o que sente uma galinha num aviário? Sinceramente não percebo. Até porque não gosto particularmente de pipocas. Fazem-me sede. Mas a questão nem é essa. Quem terá sido afinal o primeiro a levar pipocas para o cinema? Será que se esse indivíduo tivesse levado, sei lá, iogurtes, hoje o panorama seria diferente? Eu estaria melhor. De certeza. É que iogurtes, apesar de terem o inconveniente das nódoas e tal, não fazem tanto barulho para comer. É que, caso não saibam (o que duvido), o mastigar das pipocas é especialmente irritante para quem tentar concentrar-se num filme.

Mas pronto. Vamos voltar ao meu filme. Já estava eu a ficar mais descansado por finalmente os galináceos estarem a acabar as pipocas, quando um indivíduo qualquer da assistência mandou três peidos. Que as improváveis leitoras deste blogue não se ofendam. Bão tenho qualquer tipo de obsessão por gases intestinais. O problema é que não foram peidos normais. Foram peidos-ninja, daqueles tão silenciosos como mortais. Até ia caindo para o lado com o cheiro. Ainda pensei que tivesse sido o meu colega do lado o autor do ataque, até que ele olhou para mim com uma cara tão surpreendida como a minha. Surpreendida não. Assustada! Quase em pânico!

É incrível, um gajo paga 5€ pelo bilhete, tem que ouvir os outros mastigar pipocas, acabar os refrigerantes e fazer apartes estúpidos e ainda pode ser vítima de ataques biológicos. Não há direito!

(@ Pennywise - Mrs Robinson (cover))

GAME OVER, please insert coin...

Um dia ela disse-me para encarar a nossa relação como um jogo. Até que deixou de falar comigo. Quer dizer que perdi?

(@ Joy Division - She's Lost Control)

Outro post sem qualquer interesse

Agora já é terça-feira.

(@ Daft Punk - Harder, Better, Faster, Stronger)

segunda-feira, agosto 21, 2006

Um post sem qualquer interesse

Ainda é segunda-feira.

(@ Daft Punk - Sweet Dreams (remix))

Fabulosas comparações

As melhores ideias para posts são como os peidos malcheirosos: aparecem quando menos se espera.

(@ Foo Fighters - The One)

Estado em que se encontra este blogue (VI)

Coisas que às vezes me acontecem

Descobrir o sentido da vida no fundo de uma imperial.

(@ Audio Bullys - We Don't Care)

Homens deste país, uni-vos contra a praga dos metrosexuais!

Outra moda que por aí anda a pegar é a dos metrosexuais. As reportagens que as televisões fazem acerca do assunto são tantas que até parece que a imprensa tem algo a lucrar com a massificação da metrosexualidade (isto existe?). E talvez tenha mesmo...
Homens que fazem a manicure? Homens que se depilam? Que passam horas e horas no ginásio? Que demoram mais tempo na casa-de-banho que as gajas? Foda-se! Mas que é isto? Não sou adepto do cheiro a cavalo ou da meirelice (com origem na expressão Meireles, aplicado aos pintas da meia da raquete, do fato de treino da praça, do palito no canto da boca e da unha do mindinho exageradamente grande). Deve haver um mínimo de preocupação com a imagem. Mas há limites! Na minha viagem de finalistas fiquei no quarto de um tipo que depois de tomar banho tinha que colocar um gorro durante meia-hora e só depois podia sair do quarto do hotel. Quer dizer, saía depois de trocar duas ou três vezes de toillete e de olhar vezes sem conta para o espelho. 'Tá tudo doido?
Meus amigos, as mulheres superam os homens em quase tudo. Uma das únicas vantagens que até agora mantinhamos era o sentido prático das coisas. Deixem-se de mariquices!

(@ Courtney Love - Mono)

domingo, agosto 20, 2006

A ouvir... (V)


Rage Against the Machine

O mistério da colecção masculina desaparecida

Ainda sobre modas, recentemente fui à Bershka (é assim que se escreve?). Disseram-me que agora a marca também vende roupa para homem. Lá entrei na loja para ver o que havia para mim. Para meu espanto, não encontrei roupa para homem. Misteriosamente. Vi manequins, sim senhor. Cheguei até a identificar rapazes nas cabines de prova. Andei às voltas pela loja para tentar descobrir o beco onde se escondia a colecção masculina. Sem sucesso. Roupa para homem não encontrei. Fiquei triste.

(@ Clã - Corda Bamba)

Marx vai à maquina de lavar

A última aposta das grandes cadeias internacionais de roupa jovem parece ser a moda soviética. Nas novas colecções de várias marcas abundam os caracteres cirílicos, as foices e martelos, as estrelas vermelhas, os soldados russos e toda a estética estalinista. É a ironia do destino. Depois de Che Guevara convertido em ícone pop temos finalmente o grande capital a aproveitar os amanhãs que cantam para vender t-shirts. Ao menos agora já não há desculpas para os jovens comunistas continuarem rotos...

(@ Bloc Party - Two More Years)

sábado, agosto 19, 2006

Estado em que se encontra este blogue (V)

Ainda sobre o último post...

Olhando com atenção para o último post, percebo como sou um grandessíssimo ingrato. Mas não, não é por isso que vou irritar-me menos com as pessoas que me perguntarem Então, por aqui? Nada disso. O que compreendo é que isso são meros peanuts comparando com toda a gente que passa pelo Bruno Nogueira e grita Eh, ganda maluco! Devemos dar graças pelo Bruno não se tornar num serial-killer (em português, assassino em série). Eu confesso, não aguentava tanto...

(@ The Prodigy - Spitfire)

Adenda: Se pertence à categoria das pessoas que não sabem quem é o Bruno Nogueira, não leia este post. O quê? Já leu? Olhe, temos pena. Passe ao próximo post ou então prima a cruzinha posicionada no canto superior direito do seu ecrã. Há um provérbio qualquer sobre porta da rua e serventia que agora não me lembro. Mas é deveras adequado à situação.

A retórica também pode ser irritante e estúpida

Uma das coisas que mais me irrita - para além do Orlando Bloom - é o Tás aqui?, aquele comentário característico de alguém que nos encontra onde não estava a espera. Tás aqui? Não, estou ali... Porra, não me vês aqui? Havia de estar onde?
Consegue ser quase tão estúpido como as pessoas que telefonam para o aparelho fixo e perguntam Estás em casa? Grrr...

(@ Franz Ferdinand - L. Wells)

A ouvir... (IV)


Estirpe Imperial

sexta-feira, agosto 18, 2006

Grandes frases do cinema

Tyler Durden: Man, I see in fight club the strongest and smartest men who've ever lived. I see all this potential, and I see squandering. God damn it, an entire generation pumping gas, waiting tables; slaves with white collars. Advertising has us chasing cars and clothes, working jobs we hate so we can buy shit we don't need. We're the middle children of history, man. No purpose or place. We have no Great War. No Great Depression. Our Great War's a spiritual war... our Great Depression is our lives. We've all been raised on television to believe that one day we'd all be millionaires, and movie gods, and rock stars. But we won't. And we're slowly learning that fact. And we're very, very pissed off.

(@ Nouvelle Vague - Bela Lugosi's Dead (Bauhaus))

SW: Crónicas (III)

Uma noite levámos um rapaz perdido de volta à sua tenda. Como recompensa, o rapaz ofereceu-nos um pacote de cinco litros de tinto. Daqueles com torneirinha e tudo. Não queriamos aceitar. Até que ele disse foi a minha mãe que comprou e fica mesmo muito chateada se isso não se beber tudo. E pronto, lá fizemos o sacrifício de levar o pacote...
Já não sei se foi nessa noite que acabei junto a uns tipos de Viana do Castelo descobrindo uma vocação misteriosa para cantar. Foi com o Creep dos Radiohead. I'm a weirdo... What the hell am I doin' here?
Mas sei que foi nessa noite que encontrámos um tipo do Porto com jeito para o beatbox. Depois de um extenso medley, o ponto alto da demonstração foi o Seven Nation Army dos White Stripes, cantado e tocado apenas com a boca. Sei que foi nessa noite, porque me lembro de levar o pacote de tinto e servir um copo ao talentoso rapaz.

(@ Blasted Mechanism - I believe)

Grandes filmes para férias

quinta-feira, agosto 17, 2006

SW: Crónicas (II)

O maior defeito do Sudoeste é estar na moda. E assim lá temos que ver a Zambujeira a abarrotar com o rebanho fashion do brinco dos Morangos com Açúcar. Mas é claro que nem tudo são desvantagens. Estar na moda também é uma das razões para que o Sudoeste seja o local onde em toda a minha vida vi maior concentração de gajas boas por metro quadrado (as meninas que me perdoem a linguagem). É que nem havia sítio para onde virar. Elas estavam em todo o lado. Omnipresentes. Tal como as t-shirts do Che.
De resto, o cartaz nem era grande espingarda. Não que isso interesse a alguém. O Sudoeste chegou a um patamar em que vale pelo simples nome. É por isso que está na moda. É por isso que atrai toda a malta fashion da nação (e além-dela). O rebanho do calção Volcom (ou Billabong) quer lá saber quem vai cantar. Até pode ser o Marante. Ou o Nel Monteiro. Estariam lá na mesma. De mãos no ar. Com o seu brinco dos Morangos com Açúcar. O que conta é convívio, dizem eles. Aí também têm razão. Para mim os dias mais divertidos foram aqueles em que não tinha obrigação de me manter (minimamente) sóbrio para ver os concertos. Sim, porque fui para a Zambujeira com dois dias de antecedência para arranjar bom lugar para a tendinha. E pensava eu que o recinto já estava cheio quando cheguei. Está decidido: para o ano vou com mais dias de antecedência. Ah, afinal parece que também não ligo muito ao cartaz. Se calhar também só vou porque é moda. Venha o Nel Monteiro. Talvez afinal não esteja assim tão longe da malta do brinco dos Morangos!

(@ Sex Pistols - Streets of London)

PS: Uma pequena nota para o preço indecente das bebidas dentro do recinto dos concertos. Só comprava álcool lá dentro quem já entrava no recinto com uma certa pedalada. Qualquer gajo sóbrio mandava os rapazes vianenses da Superbock dar uma voltinha a um sítio menos bonito. E pensar que ainda sou do tempo da imperial a 50 cêntimos...

Porque às vezes o destino goza comigo na minha cara

E então ela disse que só percebeu o quanto gostava de mim quando me afastei. Foi aí que senti embater em mim uma locomotiva desgovernada, cheia de fotografias que não tirámos, cartas que não escrevemos, momentos que não passámos, planos em conjunto que não fizemos. Foi aí que pude ver, em fast-forward como nos filmes, um passado que nunca cheguei a viver.

(@ José González - Heartbeats)

quarta-feira, agosto 16, 2006

Estado em que se encontra este blogue (IV)

Coisas simples

Acordar às 8 da manhã, abrir a janela do quarto, deitar na cama de barriga para cima e ouvir de penalty o álbum de Nouvelle Vague.

(@ Kyo - Je Te Rêve Encore)

Porque só compro CDs quando o rei faz anos

Normalmente não compro CDs. São muito caros. Sai mais barato sacar músicas da net. O que não quer dizer que não compre CDs (atenção aos inspectores da Judiciária que se preparavam para apontar o meu IP). Quer isso sim dizer que só compro CDs mesmo em situações excepcionais. Quando gosto tanto do álbum e da banda em questão que me sinto obrigado a recompensá-los pelo impacto que tiveram na minha vida. Ena! Esta frase saiu eloquente. Whatever, aproveito para acrescentar que a minha vida não é deveras interessante (adoro a palavra deveras). É, por assim dizer, uma vidinha. Mas quando há músicas que interferem na minha vidinha como se fossem pessoas de carne e osso, sinto o dever de ir até à FNAC mais próxima e gastar uns euros. Esta frase também saiu eloquente. Mas menos que a outra. Enfim, o problema é que há vários álbuns a cumprir os requisitos. Não são assim tantos como isso. Afinal sou um tipo com fama de insensível. Mas pronto, são mais álbuns do que os euros disponíveis na carteira me permitem comprar. E há que lembrar que sou um adolescente cujos rendimentos provêm unicamente da mesada que os pais estão dispostos (ou não) a dar. Ou seja, tenho que optar bem pelos CDs que vou escolher. Depois acontece mais ou menos como os convites para festas. Ah, mas se convido a Marta tenho que convidar também a Maria. É então que fico indeciso e não sei que álbum comprar. No fim acabo por levar vários ou não levar nenhum (o que é o mais frequente). E quando levo vários, fico teso para o resto do mês. O que é grave. Acaba-se o dinheiro para as saídas à noite e para o álcool. E para os livros. Ou seja, toda esta encavalitada prosa serve para reclamar pelo excessivo e pornográfico preço dos CDs em Portugal. Assim como do resto da cultura, sejam livros ou filmes. Por vezes um livro via Amazon, já incluindo portes e o caraças, sai mais barato que o mesmo livro comprado na Bertrand. Escandaloso, meus amigos! A minha proposta é que se faça já um Golpe de Estado para devolver a Cultura ao Povo! Os livros do Saramago serão as nossas munições!

(@ Sonic Youth - Dirty Boots)

terça-feira, agosto 15, 2006

A ouvir... (III)


Censurados

Coisas que gosto de fazer durante as férias (director's cut)

As idas à praia, as limonadas, o Tour de France, os livros que até aí não tinha oportunidade de ler, o deitar tarde e tarde erguer, os gelados, o snooker ao fim da noite, as imperiais, os matrecos, os sumos de laranja naturais, o bronzeado à trolha, os filmes que até aí não tinha oportunidade de ver, as futeboladas à beira-mar, as mini lan parties, as idas à sessão da meia-noite, o centro comercial vazio, a ventoinha no escritório, os Jogos sem Fronteiras... Hmmm? O quê? Os Jogos sem Fronteiras já não dão? Ups...

(@ Radar Kadafi - 40 Graus à Sombra)

Surpresa!

Hoje acordei e disseram-me que era feriado. Tanto faz. Para mim agora todos os dias são sábado. Domingo não. Porque no domingo já estamos com a cabeça na segunda-feira.

(@ The Who - Teenage Wasteland)

Estado em que se encontra este blogue (III)

segunda-feira, agosto 14, 2006

Há sempre razões para não guiar

Até há pouco tempo utilizava os transportes públicos porque não tinha carta de condução. Agora uso transportes públicos porque a gasolina está cara.

SW: Crónicas

A grande vantagem do Sudoeste é colocar um adolescente imberbe por conta própria. Segundo parece, o meu pai e o meu avô devem ter passado por uma experiência parecida na tropa. A diferença é que não pagavam 70€ pelo bilhete e tinham direito a instrução com armas de fogo e ainda a insultos à borla. O que não é necessariamente uma vantagem. A última parte, claro.
No Sudoeste não há cá mariquices de comidinha da mamã, caminha feita e duches de água quente. Lavar as mãos é mentira. É a sobrevivência no sentido (quase) mais puro. Quase, porque ainda apanhei sem querer uma edição do Destak e isso para mim é um sinal inequívoco de civilização. Voltando ao essencial, no Sudoeste qualquer porcaria marcha bem. Desde caldinhos de coentros a sandes de qualquer coisa desconhecida que não era concerteza a bifana que o cartaz anunciava. No Sudoeste qualquer sesta de hora e meia num colchonete ao ar livre é uma retemperadora de noite de sono. Qualquer cagada na mata com (ou sem) papel higiénico é um orgasmo. E os duches frios, conhecidos como sopa de micose, são apenas das melhores sensações do dia. Conclusão: o Sudoeste não é para meninos nem para gente com nojo de comer do prato do vizinho.

A ouvir... (II)


Artic Monkeys

Agosto

Os dois leitores deste blogue poderão achar que só um palerma lança um blogue durante as férias de Verão. Como toda gente sabe, é a época baixa da blogosfera. É em Agosto que a maioria dos escribas mete férias e os outros reduzem a sua actividade a serviços mínimos. E é justamente em Agosto que venho para aqui a escrever a todo o gás. Lógica? Aparentemente nenhuma.

Mas tudo (ou quase tudo vá) tem uma explicação. A verdade é que me estou de férias, em casa e sem nada que fazer. A malta foi para viajar pelo estrangeiro, anhar para a santa-terrinha ou torrar nas praias do Algarve. E os poucos que ficaram ou estão entretidos a ajudar no negócio dos pais, ou se recusam misteriosamente a sair de casa ou estão ocupados com problemas conjugais. É por isso que sair com amigos se tornou uma tarefa quase impossível. E que fazer em casa quando se é filho único, o panorama televisivo é desolador e a estante de casa já foi lida e relida? Pois. É aí que entram os blogues.

Gosto de escrever e normalmente não tenho tempo nem disposição para o fazer. Gostar de escrever, como é óbvio, não quer dizer que eu saiba escrever. É mais ou menos como a diferença entre saber jogar xadrez e mexer as peças. E na escrita, posso dizer que consigo mexer as peças. O que já não é mau, olhando para o resto da juventude. Não que isso tenha algo a ver com a razão de ter aberto este blogue, claro. Mas como não tenho nada para fazer, é da maneira que me entretenho até ao final do mês. E pode ser que conheça alguma rapariga gira. Ok, esta parte era dispensável. Toda gente sabe que raparigas giras não frequentam blogues. Ou se frequentam devem andar muito bem refundidas. Lá estou eu de novo a resvalar para a estupidez. É um hábito que me persegue, este. Mas enfim, cá abri o tasco. Um blogue de férias. Uma ideia inovadora. Ou talvez não tão inovadora quanto isso. Não importa. Ao menos sempre passo o tempo de uma maneira saudável. Seria mais saudável se andasse para aí a fazer flexões e abdominais, é verdade. Mas mesmo assim um blogue é mais saudável que espancar transexuais ou atear fogos no interior do país. E com esta estúpida frase (os dois leitores que a esforço seguiam o post fecharam neste momento a janela) lembrei-me que se há assunto que não quero tocar neste blogue, esse assunto é a política. Se bem que seja uma difícil tentação. Mas como estou de férias e não me quero chatear, vou mas é falar de música, gajas e coisas mais light. Light ou Soft? Tanto faz. A verdade é que estou de férias. É isso mesmo: estou de férias. E não sei porquê, começo a achar que este devia ter sido o post de apresentação. Que se lixe... Também ninguém lê isto!

Sei que estou de férias quando...

Ligo a televisão e passo por 40 canais sem encontrar um único programa de jeito.

Estado em que se encontra este blogue (II)

domingo, agosto 13, 2006

Silly Season

20 horas. Ligo a televisão. Israel lança nova ofensiva sobre o Líbano. Bombardeamentos. Escombros. Mortos. Muitos mortos. Feridos a chorar. Retaliação do Hezbollah. Rockets sobre o Norte de Israel. Escombros. Mortos. Muitos mortos. Directo com os correspondentes em Tel-Aviv, Beirute, Tiro, Haifa e quem sabe Jerusalém. Tentativas frustradas de colocar um ponto final diplomático ao conflito. Em seguida, incêndios em Portugal. Chamas. Desespero de populares. Mais chamas. Bombeiros a correr. Mais chamas. Directo com os repórteres estagiários a partir dos incêndios por circunscrever ou já em rescaldo. Se ainda sobrar tempo, incêndios na Galiza. Mais chamas. Em seguida, o caso da tetraplégica do Barreiro que por motivos desconhecidos perdeu o direito ao subsídio de invalidez. Depois, o idoso alentejano que se afogou num alguidar. Directo a partir do centro da vila com as reacções dos familiares, conhecidos, menos conhecidos e desconhecidos da vítima. Por fim, as notícias desportivas. Benfica perde e continua a jogar mal. Sporting ganha e demonstra grande coesão. Porto fulmina uma qualquer equipa amadora das Ilhas Faroé. Fim do Jornal.

A ouvir...


Nouvelle Vague

Propor(a)cionalidade

Quando era pequeno queria ser astronauta. Depois quis ser jogador de futebol, pivot de telejornal, escritor, historiador, advogado e engenheiro. Agora já me contentava em trabalhar numa FNAC qualquer...

Fuck fashion!

Ainda sou do tempo em que estava na moda vestir pólos às riscas e calçar sapatos de vela. Era a época dos betos de cabelo à rapa-tacho. Agora já só os chungas é que usam pólos e sapatos de vela, combinados com o boné Lacoste e a argola de ouro. Agora, fashion é ser surfista. Ou então skater. Ou pseudo-punk. Ou então ser tudo junto. Agora fashion é usar Converse, Vans, Volcom, Billabong, DC Shoes e o resto da parafrenália que se vende nas lojas Ericeira, tudo combinado com o brinco horroroso dos Morangos com Açúcar. De repente, ser alternativo passou a ser fashion, o que é dos maiores paradoxos que já vi.
Se o vulgar agora é ser alternativo, onde está o verdadeiro alternativo?

sábado, agosto 12, 2006

Coisas que gosto de fazer durante as férias

Ver filmes e beber sumo de laranja natural.
Não que isto importe para alguma coisa.

Estado em que se encontra este blogue

O primeiro título é sempre o mais difícil de escolher

Puff... Um blogue umbiguista (pleonasmo?) acerca das férias do João, um jovem pseudo-alternativo com alegados problemas de múltipla personalidade e interesses pouco convencionais.
Muito complicado? Nem por isso...